Crônica de Natal ou a busca da transfiguração do real

Em simbiose poética, o jornalista parintinense Vinícius Bellchior escreve sobre a magia do Natal e do amor nesta crônica repleta de êxtase literário

25/12/2023 às 17h52 Atualizada em 25/12/2023 às 18h03
Por: Vinícius Bellchior
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Imagem: Reprodução/Internet
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No véu encantado do mês de dezembro, assombra-me a ausência daquele muito prometido, o ano se esvai levando as promessas esquecidas de paixões rompidas ao longo do tempo. Só escrevo aquilo que eu pretendo que fique eterno. Entre nós, só existe o espaço do amor e da morte, de onde sai o infinito de um horizonte amarelado dos raios de sol exaltando um paraíso de um fim de tarde colorido.

Tu podes vir num sonho? Não importa, pois há muito tempo vagueio nesta sinistra realidade que é te esperar. Devolve-me as minhas doces palavras que formam o ser humano que tu és. Deita-te nos belos jardins que escrevo só pra ti. Sim, naquelas rosas vermelhas eu mato a saudade do teu cheiro e nas notas das músicas que ouvimos, ainda danço e canto imaginando o teu existir aqui comigo.

Tu sabes bem o que eu preciso e é por isso mesmo que de ti eu necessito. Vês que é escrevendo que eu nasço e morro em linhas frias e quentes de miúdas frases esmiuçando sentimentos? Existência minha que é só tua.

Podes vir como dezembro, sereno em véspera do mais importante nascimento, ou vem como a primavera, florescendo as tuas flores em cada esquina ou viela. Se achar melhor, podes vir como o verão, aquecendo o ambiente como a gênese de uma paixão.

No inverno somos a chama da lareira que aquece os nossos próprios corpos no amor que também nos incendeia. Tua sabes que no amor as palavras se tornam gestos no verbo que estremece e rompe as barreiras da conjugação padrão da Língua Portuguesa.

Diz-me as palavras suculentas que tanto te escrevo, junte-se ao oceano de onde as frases molhadas saem ao teu encontro, enxugue-as com as mãos e veja o olhar dourado da palavra redenção. É tudo somente teu. Céu, estrelas e todo o meu universo, imensidão que não cabe em nenhum verso.

Pelas luzes vermelhas, brancas ou azuis, prometo notar o brilho dos teus olhos na mais ínfima faísca de luz. Venha pela aurora do natal, no frescor do fim de ano resplandecendo algo muito além do especial, é do amor que falo agora, é que não sei falar de outra coisa senão daquilo que me devora, tão intenso como a lava quente de um vulcão que nunca evapora. Vulcão e erupção, a química de dois seres em constante união.

Vem e mate a sede de um extenso infinito que se redobra e lateja no aguardo da tua chegada. Coração feroz, tem tanto amor que desconhece algo maior do que nós. O infinito é muito curto comparado ao que sinto por ti. Deitar-me-ei em teus braços olhando firmemente em teus olhos profundos como se olha o céu em dias de um longo azul.

Fale-me de política, de cultura literária, das sinfonias de Beethoven ou Bach, das peças de Shakespeare, de como é ler Dostoievski em russo, do assombro visceral que é ler Clarice Lispector ou Hilda Hilst, biblioteca que sou, prostrar-me-ei diante de ti, ouvindo-te recitar os mais belos poemas ou lendo os clássicos romances que povoam a nossa mente.

Sortudos seremos nós, a sós, vivendo de poesia e das palavras que dançam e cantam em cada melodia, como a noite de Natal é, coberta de mistérios e magia.

Por: Vinícius Bellchior Bruce - Graduado em Comunicação Social - Jornalismo, pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) - Campus Parintins. 

Vinícius Bellchior - Equipe JORNALISMO PARINTINS 

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