O amor não correspondido e os últimos românticos

"Decidir amar alguém é o mesmo que contemplar a grandiosidade da lua numa noite em que está cheia ou observar o pôr do sol numa tarde de sexta-feira." - Leia a crônica completa desta semana do jornalista parintinense Vinícius Bellchior

20/10/2023 às 18h22 Atualizada em 21/10/2023 às 19h51
Por: Vinícius Bellchior
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Imagem: Reprodução/Internet
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É um lugar sozinho. Tão solitário e triste é o nunca mais de um amor que não foi correspondido. É um paraíso abandonado, o lugar mais lindo que alguém poderia morar até o fim da vida. O amor permanece até depois do para sempre de tão extenso infinito esse sentimento. E quando ele não é correspondido é como se ele deixasse de existir para dar lugar a um vazio do mesmo tamanho e por um momento nada mais fizesse sentido. Nem ele mesmo. É um mundo não habitado. Um mundo que dói deixar para trás e esperar por outro na inevitável paixão buscando assim ressignificar a nossa própria existência.

É cruel matar alguém dentro da gente. Aquela pessoa escolhe ser morta dentro de nós. É um processo tão doloroso. A dor é tão real e intensa quanto o sentimento. O nosso amor a escolhe como sendo o amor para vida inteira e ela se recusa ao incrível, ao esplêndido, ao visceral e ao poético. O amor é a poesia pura por si só. A vida atual se tornou tão chata que a salvação é fazê-la poética.

Escrevo porque o amor ainda resiste num mundo onde ele se tornou coisa velha. Onde a moda é a relação descartável entre as pessoas. Um declínio tão horrível que a humanidade parece não ter mais futuro algum nesse sentido. É a escassez de pessoas de verdade. Tão lindo seria se as pessoas acreditassem que o amor é a única coisa que importa e que faz tudo fazer sentido. É cruel, cansativo e solitário viver num mundo que se afasta cada vez mais de tal compreensão.

É triste chegar à conclusão que o amor não correspondido se tornará tão mais comum como as pessoas se tornarão cada vez mais descartáveis. O amor só não acaba porque somos a sua própria fonte. A sua gênese. Perde quem se nega a mergulhar nessa fonte, mas dói perceber que alguém se negou àquilo que faz tudo, absolutamente tudo valer a pena: o amor.

Os últimos românticos existem e faço parte deles. Acreditamos no amor infinito e para a vida inteira com raízes firmes na lealdade - um dos pilares de qualquer relação humana, mas principalmente da relação amorosa, onde envolve as questões mais íntimas do serhumano. Amamos porque gostamos de amar e porque amar nos torna tão fortes na outra pessoa. É um transbordamento necessário para nós. Tão necessário como a nossa própria vida. É um amor que se reconforta saindo da gente para pousar no outro. É o ápice da existência amar intensamente alguém. É deixar-se ser devorado por essa loucura até no nosso mais profundo íntimo. Gente rasa vai embora mas a fonte dos amores reais permanece assim como o céu permanece exato mesmo depois da escuridão da noite ou da ferocidade de uma tempestade.

Ser romântico é resplandecer no mundo como as estrelas resplandecem no céu. Decidir amar alguém é o mesmo que contemplar a grandiosidade da lua numa noite em que está cheia ou observar o pôr do sol numa tarde de sexta-feira. Só ouvido atento de um eterno apaixonado pode ouvir a música da natureza ecoando alto nos confins do planeta. Só o olhar atento da paixão pode esmiuçar a mais alta beleza do universo e traduzi-la de uma forma que a outra pessoa também possa vê-la. São sentimentos e sensacões intensas que nos tornam imortais. Podemos fazer de um momento simples a vida inteira valer a pena. De uma folha um livro, de uma vida a dois a felicidade verdadeira.

O amor pode não ser correspondido mas ele é extenso e infinito e o mundo é vasto, e nós, dos amores românticos, somos mais ainda. As pessoas incríveis e românticas merecem encontrar-se porque só nós parecemos nos importar com o essencial da vida. Com as coisas que realmente importam.

Por: Vinícius Bellchior Bruce - Graduado em Comunicação Social - Jornalismo, pela Universidade Federal do Amazonas - Campus Parintins. 

Vinícius Bellchior - Equipe JORNALISMO PARINTINS 

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