Natural da capital amazonense, Manaus, Adolfo Olliver, conhecido também como Adolfo Tapaiuna, indígena sateré-mawé, produz grafismo corporal, e sua arte amplia-se para o digital e para a moda. Atualmente, Adolfo é acadêmico do 3° período do curso de Design, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) - Campus Parintins.
Adolfo Tapaiuna - Foto: Arquivo pessoal
Segundo Olliver, "Tapaiuna" significa "menino moreno" na Língua Satere-Maué. O jovem indígena tem apenas 21 anos e cresceu em uma comunidade indígena no interior de Manaus chamada Inhã-bé, liderada por sua avó, chamada de Kutera, depois da morte da matriarca da família, Adolfo acaba migrando para o município de Barreirinha, terra natal de seus pais, e então, a comunidade de Inhã-bé passa a ser comandada por um tio. Em Barreirinha, Olliver conclui o ensino fundamental e uma parte do ensino médio. O município do poeta Thiago de Mello foi escolhido pela família pela calmaria do interior da Amazônia. Nas férias escolares, a família sempre passava esse intervalo em uma comunidade de Barreirinha chamada Ponta Alegre.
O sangue artístico que corre nas veias
Tapaiuna produzindo arte corporal
Adolfo Olliver afirma que herdou o talento artístico de sua avó, Kutera, que era analfabeta mas dominava a arte de produzir o grafismo. "Cresci nesse meio de produção do artesanato. Minha família é muito criativa. Então eu como criança curiosa, acabei entendendo que aquilo é era uma arte passada de geração para a geração", conta o indígena sateré-mawé.
O corpo como território
Para produzir sua arte corporal, Adolfo utiliza a tinta do Jenipapo, tirada diretamente do jenipapeiro, uma tinta cem por cento natural. "É uma tinta que não tem agrotóxicos, é a própria natureza que nos dá. Eu utilizo também um pouco de carvão, a tala feita de bambu, que é flexível e pega toda a tinta", explica Olliver sobre quais instrumentos utiliza em seu trabalho.
A tinta do jenipapo e a tala de bambu
Adolfo diz ainda que o grafismo representa uma forma de proteção e tradição. A pintura permanece cerca de dez a quinze dias no corpo, e cada pintura tem um significado. "O corpo também é um território, e a gente também tem que ocupar esse território", afirma Adolfo.
O grafismo corporal
No Festival de Parintins deste ano de 2023, o artista pintou o corpo de Marciele Albuquerque, cunhã-poranga do Boi-Bumbá Caprichoso, uma vitrine que ajudou a impulsionar o seu trabalho na cidade de Parintins. O talento para a arte digital também ajuda a divulgar seu trabalho na Internet.
A luta indígena de geração em geração
Adolfo Olliver diz ao JORNALISMO PARINTINS que a sua avó, Kutera, não foi apenas uma artista, mas uma liderança indígena atuante em favor dos direitos dos povos originários. "Minha mãe, Moy, participou da luta pelo direito às cotas nas universidades públicas no estado do Amazonas. Antes da criação da UEA em 2001, ela foi para Brasília, levou bala de borracha. Então hoje eu também sigo essas exemplos de lideranças indígenas", afirma Olliver.
Líder indígena caiapó Cacique Raoni - Ilustração de Adolfo Tapaiuna
Atualmente, o jovem indígena faz parte do Movimento dos Estudantes Indígenas do Estado do Amazonas (MEIAM), é membro do primeiro coletivo indígena LGBTQIA+ chamado de Miriã Mahsã, além de colaborar com a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira).
Para o seu futuro, Adolfo Olliver espera produzir trabalhos para além da Amazônia, com a sua arte que transmuta-se pela moda, pelo grafismo corporal e pela ilustração digital, com raízes em sua cultura indígena sateré-mawé.
Por: Vinícius Bellchior Bruce - Graduado em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas - Campus Parintins
Vinícius Bellchior - Equipe JORNALISMO PARINTINS
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