Descaso e abandono: Moradores de Vila Amazônia realizam manifestação por melhorias na localidade

Discursos inflamados dos moradores foram direcionados à deputada estadual Mayra Dias, ao prefeito de Parintins Bi Garcia, e a atuação dos vereadores da Câmara Municipal

22/05/2023 às 17h44 Atualizada em 21/08/2023 às 19h07
Por: Redação
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Os manifestantes cantaram
Os manifestantes cantaram "parabéns" com bolo de lama com foto de Bi Garcia, Mayra Dias e Eduardo Braga - Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Na tarde deste domingo (21), um grupo de moradores da área urbana da Gleba de Vila Amazônia (próximo a 30 minutos de Parintins via embarcação) realizou uma manifestação cobrando do poder público municipal melhorias na infraestrutura referentes às vias de acesso e também a saneamento básico na comunidade. O ato aconteceu em um trecho da rua que dá acesso à estrada da comunidade.

Rua do porto da comunidade em estado precário - Foto: Jornalismo Parintins

O bolo de lama em comemoração ao 1 ano da ordem de serviço

Em uma bananeira e um bolo feito de lama, moradores deixam seus recados - Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Em 20 de maio de 2022, Bi Garcia juntamente com o senador Eduardo Braga (MDB) assinaram a ordem de serviço para o início do asfaltamento da área urbana da Vila Amazônia até a região da Valéria, na divisa com o Estado do Pará. Durante a manifestação dos moradores da Vila, foi comemorado o “aniversário” de um ano do início da ordem, completado no último sábado (20). Até o momento a obra orçada em R$ 70.752.467,58 não saiu do papel. No dia 1 de julho do ano passado, a primeira parcela no valor de R$ 1.713.243,28 foi liberada. A empresa COSTAPLAN CONSTRUÇÕES LTDA, inscrita no CNPJ 07.228.740/0001-95, é responsável pela obra. A verba é oriunda de emenda parlamentar do senador Eduardo Braga.                     

A revolta popular

Moradores chegaram a queimar pneus durante o ato - Foto: Reprodução/Redes Sociais

De acordo com um dos moradores que aparece em um dos vídeos da manifestação, o ato foi pacífico em protesto por promessas de políticos e pelo não início da obra de recuperação das ruas. “Esse parabéns é pelo mérito dos governantes que prometeram e não honraram o que prometeram. Vamos cantar parabéns para esse casal lindo, Bi Garcia e sua amada esposa”, discursa o morador.Outra moradora discursa em tom de indignação por estar morando num lugar “como se não tivesse direito”. “O Prefeito e os vereadores que estão aí não fizeram nada, são todos covardes! Nós estamos aqui vivendo na lama”, destaca outro morador.

Moradores discursam durante a manifestação - Imagem: Reprodução/Redes Sociais

Maik Correa, residente na comunidade há 8 anos, diz que a manifestação é uma forma de mostrar indignação com a atual falta de infraestrutura da Vila. Ainda segundo ele, a única obra de impacto na melhoria da qualidade de vida dos moradores foi uma realizada pelo Governo Federal, citando o porto da comunidade.

Jeferson Rosas, membro do Conselho dos Assentados da Vila Amazônia e presidente interino do conselho, afirma que a falta de comprometimento não é só do poder público municipal, mas também do estadual e federal. “Nós não temos escolas estaduais no assentamento, nós não temos investimentos federais nos últimos anos. As obras que foram inauguradas são de gestões passadas. São seis anos de atrasos de investimentos em vários setores. As comunidades estão há seis anos abandonadas”, destaca.

Trecho da estrada que dá acesso a Escola Cívico Militar Tsukasa Uyetsuka - Foto: Jornalismo Parintins

Responsabilidade do Estado ou do Município?

Segundo Raimundo Rocha, ex-presidente do Conselho dos Assentados do P.A Vila Amazônia, o assentamento é composto por 60 comunidades, sendo 28 interligadas via estrada e o restante por rio. O número de habitantes se aproxima de 20 mil, cerca de 6 mil só na área urbana, totalizando mais de 12 mil eleitores.

 “A Gleba de Vila Amazônia foi criada em 1987/88. É uma área federal mas nada impede que o Estado e o Município por meio de convênios e acordos, possam fazer as melhorias no assentamento, como a implantação de escolas, estradas e obras de saneamento básico para a população”, explica o ex-presidente.

Trecho próximo a Igreja de São Francisco Xavier - Foto: Jornalismo Parintins

Sobre a demora no início da obra de asfaltamento e o pouco investimento no assentamento, Raimundo Rocha afirma que a Câmara de Vereadores deveria se pronunciar, para que a Prefeitura pudesse dar uma explicação convincente.

 “O que a gente vê é que é um descaso das autoridades locais que não se importam com a população que vive lá. Todos são brasileiros, amazonenses e parintinenses que contribuem, pagam seus impostos e votam na cidade. Então isso mostra o descaso e até perversidade dos gestores públicos de nosso município”, afirma.

Matérias legislativas em favor da infraestrutura na comunidade

Um dos vereadores mais atuantes em favor de melhorias na infraestrutura de Vila Amazônia, é o vereador Massilon Cursino (Republicanos). Desde o início da atual legislatura municipal (2021-2024), já foram contabilizadas mais de 7 matérias legislativas entre indicações e requerimentos, de acordo com o Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL). 2 requerimentos objetivam solicitar informações da empresa COSTAPLAN CONSTRUÇÕES LTDA sobre a previsão do início das obras nas estradas da Vila. A última indicação de melhorias nas estradas da comunidade é da vereadora Márcia Baranda (MDB), apresentada no dia 13 de março de 2023.

Em discurso na Câmara Municipal nesta segunda-feira (22), o vereador Massilon Cursino afirma que o montante liberado para a obra já soma mais de R$ 3 milhões. “Cadê os R$ 3 milhões para começar as estradas?”, questiona o vereador na tribuna da Câmara. 

A população aguarda melhorias

Jefferson Rosas diz que não vê esforço do Incra (instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), da Câmara Municipal de Parintins e da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALEAM) em levar melhorias para o assentamento de Vila Amazônia. “As melhorias beneficiam a cadeia econômica, como o turismo rural e a produção dos moradores, tanto da área urbana da Vila quanto das comunidades interligadas”, finaliza.

Tentamos entrar em contato com os citados na matéria, mas até o momento desta publicação, não haviam se pronunciado.

 

Por: Vinícius Bellchior Bruce e Ana Cristina Ferreira Machado – ambos graduados em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade Federal do Amazonas – Campus Parintins.

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