Na UFAM de Parintins, indígena Sateré-Mawé defende tese de doutorado sobre educação escolar indígena

A tese de Josias Sateré foi aprovada por unanimidade, com destaque para a profundidade da reflexão.

07/03/2025 às 11h49
Por: Redação
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Foto: Divulgação
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A tese de doutorado intitulada "Sateré-mawé: desafios de lideranças e de professores na construção da educação escolar indígena na aldeia de Ponta Alegre, município de Barreirinha/AM" foi defendida na noite do dia 5 de fevereiro, no Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ/UFAM). A pesquisa, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Amazonas (PPGE/UFAM), foi desenvolvida por Josias Ferreira Sateré e orientada pela professora doutora Hellen Cristina Picanço Simas.

O trabalho aborda os desafios enfrentados por lideranças e professores na construção da educação escolar indígena na aldeia de Ponta Alegre, localizada no município de Barreirinha (AM). Um dos pontos centrais da pesquisa é a reflexão sobre as práticas de ensino durante a pandemia de covid-19, que impôs obstáculos significativos à comunidade indígena. Josias Sateré defende a interculturalidade como um caminho para fortalecer a educação escolar indígena: “Compartilho os conhecimentos de nosso povo Sateré-Mawé, contextualizando em nossa tese o saber ancestral do "waraná", que aprendemos em nossas aldeias e que precisa fazer parte de nossa universidade”.

A defesa ocorreu de forma híbrida, com apresentação presencial no Laboratório de Videodifusão do ICSEZ e transmissão virtual. A banca examinadora foi composta pelas professoras do PPGE Dra. Fabiane Maia Garcia (UFAM) e Dra. Jonise Nunes Santos (UFAM), pelo professor Dr. Shelton Lima de Souza, da Universidade Federal do Acre (UFAC) e pelo professor Dr. Edilson Baniwa, do Instituto Federal do Amazonas (IFAM). Os avaliadores ressaltaram a relevância histórica do momento para a UFAM, para o PPGE e para o povo Sateré-Mawé, que tem o primeiro membro da comunidade com doutorado. “É um dia histórico”, enfatizou o também indígena professor Edilson, do povo Baniwa.

Durante os agradecimentos, Josias Sateré enfatizou que sua pesquisa não pertence apenas a ele, mas a todo o povo Sateré-Mawé. A banca recomendou a produção de um resumo da tese na língua Sateré, além da transformação do conteúdo em material didático e divulgação em oficinas de formação com professores indígenas, com objetivo de manter viva a pesquisa no território, além de reforçar o compromisso social da academia com a construção dos saberes.

A tese de Josias Sateré foi aprovada por unanimidade, com destaque para a profundidade da reflexão, o rigor na abordagem das informações e a originalidade do tema, contendo uma carga de estilo na condução metodológica de pesquisa e escrita. O estudo, fruto de quatro anos de dedicação sob orientação da professora Hellen Picanço, foi amplamente elogiado pela sua contribuição à produção acadêmica. “A defesa da tese do Josias Sateré representa uma conquista tanto povo Mawé, que agora conta com seu primeiro doutor em Educação quanto para o PPGE-Ufam, que tem trabalhado para dar acesso e permanecia aos indígenas. Estamos felizes por estarmos dando um retorno à sociedade e ajudando a decolonizar a universidade”, enfatizou Hellen.

*Com informações da UFAM/Parintins

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