Dia das Mães: Conheça a história de duas mães parintinenses exemplos de superação e poder feminino

O começo e a experiência se unem nesta reportagem para que muitas outras mulheres, brasileiras, parintinenses, se inspirem e se orgulhem por serem mulheres guerreiras e privilegiadas por darem à luz a uma vida – às vezes duas ou mais - neste dia das mães

13/05/2023 às 22h08 Atualizada em 21/08/2023 às 19h06
Por: Redação
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Jornalista Brunna Lira e a professora Lucenilda Belchior, respectivamente - Imagem: Edição/Jornalismo Parintins
Jornalista Brunna Lira e a professora Lucenilda Belchior, respectivamente - Imagem: Edição/Jornalismo Parintins

Histórias que se assemelham, lutas vencidas por mulheres superpoderosas, que o destino exigiu que assim fosse. De um lado a história da jornalista Brunna Lira, de 25 anos, mãe solo, natural de Parintins (Amazonas), de outro a história da professora Lucenilda Belchior, de 56 anos e 35 de profissão, também natural de Parintins. Uma no início de uma jornada, a outra, com uma história de vida a se contar. O começo e a experiência se unem nesta reportagem para que muitas outras mulheres, brasileiras, parintinenses, se inspirem e se orgulhem por serem mulheres guerreiras e privilegiadas por darem à luz a uma vida – às vezes duas ou mais - neste dia das mães.

Ao iniciar a faculdade de Jornalismo, em 2016, Brunna do Carmo Lira estava grávida de dois meses de sua primeira filha, aos 18-19 anos de idade. Apesar da gestação, Brunna estava convicta de que desistir não era uma opção, porque seria mais difícil retornar à universidade mais tarde. “Passei por uma situação psíquica muito grande porque foi um abalo emocional, eu não esperava estar grávida. Dali em diante a minha vida mudou completamente”, relembra Brunna.

“Eu estava iniciando uma guerra contra o mundo”

Até a descoberta da gravidez, Brunna morava com um tio, mas durante a gestação, ela volta para a casa dos pais, sem o apoio do genitor da criança, que termina então, o relacionamento com Lira. Seguindo a vida com a criança e sentindo-se sozinha, Brunna recebe o apoio dos pais, dos colegas da faculdade e também de seus professores.

A gravidez e a universidade

Sonhando em ser mãe, Brunna acreditava que não seria tão difícil o processo, de um modo rápido como foi, tanto que a jornalista acredita que a fase foi uma das mais difíceis da sua vida. Tendo que “dar um jeito” para não desistir, a ajuda da mãe de Brunna, Bernadete, foi essencial para que ela conseguisse conciliar os estudos e a amamentação da bebê. “Ela ficava com a minha filha enquanto eu ia para a universidade.  Ás vezes eu saía rapidamente da aula porque a minha filha estava chorando querendo mamar. Teve dias que a encontrei sendo amamentada pela vizinha que também tinha bebê em casa. Era sempre muito corrido, eu contava sempre com a ajuda da minha mãe para que eu conseguisse estudar e trabalhar também”, relata.

Hoje graduada em Comunicação Social – Jornalismo, pelo Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia (ICSEZ/UFAM), Brunna, aos 25 anos, está atualmente na capital do estado, Manaus, cursando mestrado em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Brunna aceitou o desafio de estudar longe da sua filha. Ela sabia que esse momento ia chegar, porque ela já estava preparando a filha para esse momento. A criança ficou sob os cuidados de mãe de Brunna, em Parintins. “Com o genitor dela não temos nenhum contato, nenhum! Durante o meu período de gestação e pós-parto, eu voltei a um antigo relacionamento, que virou pai de criação da minha filha. Não estamos mais juntos há dois anos, mas relação de pai e filha continua”, explica Brunna.

O sentimento de ser mãe e o desafio de educar uma criança

Brunna afirma que o impacto de ser mãe foi justamente pelas responsabilidades e pelos desafios de se educar uma criança que ela passaria a enfrentar. “Tudo muda, até os planos de vida porque você passa também a pensar por duas pessoas. Você vai ter que educar, alimentar... A preocupação também aumenta porque você vai ter que encaminhar a criança por um caminho bom, para que ela seja uma boa pessoa e tenha um futuro promissor”, destaca a mãe de Alice, de 6 anos.

O primeiro dia das mães longe da filha

Brunna e a sua filha, Alice - Foto: Arquivo pessoal

“Está sendo bem difícil assimilar.  É a primeira vez longe da minha filha. A mesma saudade que eu estou sentindo eu tenho certeza que ela também está sentindo. Vai ser um dia longo que eu vou recordar muitos momentos com ela. Buscar fotos e vídeos para tentar me consolar. Mãe sofre longe do filho mas também sabe que é por uma boa causa. Eu gostaria muito de estar com ela nesse dia tão especial. Todos os dias sinto falta dela, mas nessas datas eu sempre sinto mais”, desabafa Brunna Lira.

Como já citado, Brunna se encontra em Manaus, cursando mestrado, a filha está em Parintins, sob os cuidados da avó materna. Lira sabe que passar o dia das mães longe da filha é o preço de quem saiu da zona de conforto para lutar por dias melhores.

A definição de mãe por Brunna Lira

“Ser mãe solo é um aprendizado diário porque não existe uma receita. Todos os dias são desafiantes e precisamos ser fortes duas vezes ou até mais pra não demonstrar fraqueza diante de alguém ainda tão pequeno que não tem noção nenhuma sobre a vida. É interiorizar que todos os passos, decisões partem unicamente de uma pessoa. É controlar as emoções, é abrir mão de muitas coisas, mas também é uma experiência maravilhosa que nos ensina refletir sobre a vida. É saber que mesmo que ela não entenda muito sobre a vida, mas se torna uma companheira, amiga e se inspira na personalidade da mãe. Aprende que também precisa ser forte diante de muitas adversidades que irão surgir. Ser mãe é um turbilhão de sentimentos e responsabilidades”, define a jornalista.

A luta de quem criou 8 filhos com muita garra e determinação

Professora Lucenilda Belchior - Foto: Arquivo pessoal

Foi aos 16 anos, que a professora Lucenilda Belchior, hoje com 56 anos e 35 anos de profissão, concursada pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e graduada em Ciências Naturais pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), engravidou do seu primeiro filho. Imatura e sem experiência de cuidar de criança, imaginando que o pai do bebê se casaria com ela, o que a tornaria independente dos pais, não foi muito bem como a adolescente imaginava. Na época, a prevenção a gravidez ainda era muito frágil, e os medicamentos disponíveis faziam mal a Lucenilda. Apesar do número de filhos, a professora não teve gravidez seguidas, o intervalo das gestações variam de 3 ou 4 anos, para a gestação dos gêmeos – sua última – o intervalo de tempo foi maior, 5 anos.

A criação dos filhos e a universidade

Grávida pela primeira vez no terceiro ano do magistério, começava então a batalha da adolescente que se tornou mãe em conciliar a criação dos filhos e os estudos, na mesma época, começava os estágios pela universidade. O dia então passou a começar mais cedo, pois Lucenilda tinha que acordar cedo para lavar as fraldas de pano - numa época em que fraldas descartáveis eram luxo - e preparar a alimentação dos bebês. “Morando na Vila Amazônia, eu tinha que sair de lá às 5 horas da manhã para vir para a faculdade em Parintins, a aula começava às 8. Na época era difícil também porque tinha poucos barcos que faziam essa linha da Vila Amazônia e Parintins, então eu tinha que acordar às 4 para pegar o barco às 5. Eu tomava café na casa da minha mãe, já aqui em Parintins. Foi uma época em que meus filhos me viam bem pouco, porque eu saía cedo quando eles ainda estavam dormindo, e quando eu retornava para casa, na maioria das vezes, eles também já estavam dormindo. Então a gente só se via nos finais de semana”, relembra a professora.

O apoio paterno – ou a falta dele – na criação dos filhos

Lucenilda se separou do pai de seu primeiro filho quando a criança tinha 2 anos e meio de idade, porque ainda muito jovem a professora já possuía a vontade de estudar, mas não obtinha o apoio do pai de seu filho. O apoio necessário que ela precisava no momento veio de seus pais. “Eu procurei sempre dar o meu melhor fazendo o papel de pai e mãe dos meus filhos, orientando para que eles pudessem crescer sendo pessoas de bem e de bom caráter. Mesmo porque eu tenho somente uma filha, os outros são todos homens. Eu fiz de tudo para que todos pudessem ter uma boa educação, para que cada um pudesse seguir o seu caminho e terem uma formação profissional, para terem um sustento para a suas futuras famílias. Não é fácil a gente cuidar, orientar e educar os filhos sozinha”, desabafa.

A gravidez dos gêmeos

Sonho de muitas mulheres, a professora teve o privilégio de gestar e dar a vida a duas crianças, ao mesmo tempo. Diferente de todas as outras em relação a sintomas, Lucenilda sentia que a sua última gravidez era de gêmeos, tendo a certeza somente aos 7 meses de gestação, sem muita surpresa para ela. Na época, a professora recebeu ajuda nas roupinhas para os bebês e também recebeu ajuda da família nos primeiros meses das crianças.

A definição de mãe por Lucenilda Belchior

“Ser mãe para mim é uma graça muito grande, é você amar infinitamente alguém. É você dar tudo de si para que aquela criança, aquele serzinho que se gerou dentro do teu ventre, venha para esse mundo mas que ele seja feliz, que ele tenha uma boa criação, que ele tenha além da alimentação, amor, carinho e cuidado. Que você realmente se comprometa com a criação dele, e se comprometer é isso, é ajudar desde o primeiro momento. É você olhar no momento da amamentação – que é um momento inesquecível para qualquer mulher – por contemplar os nossos filhos sendo amamentado, te olhando e tu podendo dar todo o carinho para ele. Ser mãe é acima de tudo, amar incondicionalmente. As vezes a gente não encontra nem palavras para definir o que é ser mãe, mas ser mãe é amar, amar e amar”, define a professora, emocionada.

 

Por: Vinícius Bellchior Bruce e Ana Cristina Ferreira Machado – ambos graduados em Comunicação Social – Jornalismo, pela Universidade Federal do Amazonas – Campus Parintins.

Vinícius Bellchior - Equipe Jornalismo Parintins

Ana Cristina Machado - Equipe Jornalismo Parintins

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