Entrevista com Daniel Brandão, parintinense vencedor do Oscar da Fotografia

Além da premiação, Daniel está entre os 50 melhores fotógrafos do Brasil, segundo o Brasília Photo Show

15/04/2023 às 16h28 Atualizada em 21/08/2023 às 19h23
Por: Redação
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Parintinense Daniel Brandão - Imagem: Arquivo pessoal
Parintinense Daniel Brandão - Imagem: Arquivo pessoal

Daniel Brandão, jovem parintinense de 26 anos, em pouco tempo de carreira de fotógrafo já acumula prêmios importantes da área, como a Estatueta do Oscar da Fotografia na categoria de Melhor Foto Jornalística/Documental no Brasília Photo Show – International Festival of Photography 2021/22. Em 2020 ganhou o Prêmio Monóculo de Imagens na Categoria Novos Talentos, por conta de no ano anterior ter ganho a Medalha de Prata na Categoria de Melhor Foto Jornalística/Documental no Brasília Photo Show – International Festival of Photography 2019/20, tornando-se um dos cem melhores fotógrafos do Brasil, segundo o Oscar da Fotografia.

A primeira vez que Brandão venceu um prêmio internacional foi em 2018, com a Medalha de Bronze na Categoria de Melhor Foto Jornalística/Documental no Brasília Photo Show – International Festival of Photography 2018/19.

Em 2019, Daniel expôs algumas fotografias em Washington DC, EUA, por meio do Concurso Fotográfico “Afrodescendientes em las Americas” organizado pelo Instituto de Políticas Públicas em Derechos Humanos del MERCOSUL e Organización de los Estados Americanos - OEA.

No mesmo ano foi TOP 300 Best Brazilian Photographers no 4th Annual International Photography Awards – 35AWARDS 2018, tornando-se assim referência no cenário da fotografia latino-americana e internacional.

Para comentar sobre o início da carreira, premiação, projetos e perspectivas em relação ao futuro, o Jornalismo Parintins entrevistou o fotógrafo parintinense.   

Confira a entrevista:          

Jornalismo Parintins: A partir de que momento você percebeu que a fotografia seria o caminho que você deveria seguir?

Daniel Brandão: Eu nunca imaginei que um dia iria me tornar um fotógrafo de renome ou que seguiria profissionalmente por este caminho. Digo isso porque sou professor, graduado em Pedagogia e Mestre em Ciências Humanas. E da mesma forma que tenho amor pela fotografia, eu tenho amor pela docência. Mas devo admitir que a fotografia sempre esteve atrelada a minha vida, mesmo que de forma implícita. Não sei em que momento eu percebi que deveria seguir como fotógrafo, humildemente eu sequer tenho a certeza se estou fazendo o correto. Mas quando eu ganhei meu primeiro prêmio de fotografia, eu percebi que poderia fazer muito mais.   

Jornalismo Parintins: A premiação de 2018 veio seguida de prêmios em 2019, 2020, 2021 e 2022. O que podemos esperar de 2023?

Daniel Brandão: Até vencer o Oscar da Fotografia, eu estava focado no mesmo. Era meu objetivo artístico e profissional. Depois de alcançá-lo, e colocar meu nome entre os maiores fotógrafos do Brasil e América Latina, eu pude descansar e então participar de exposições, salões e festivais de fotografia de um modo mais despreocupado, sem esquecer o lado artístico. Para 2023, que é o ano que completo nove anos como fotógrafo profissional, estou formulando um fotolivro acerca do Festival Folclórico de Parintins. Há uma gama de fotografias que muitos nunca viram ou tiveram acesso, e esse livro seria um presente, a história, memória e arte dos Bois de Parintins.

Além disso, estou escrevendo um projeto de uma exposição fotográfica denominada "Ethos Amazônico", que reúne trabalhos de viagens em quilombos, comunidades caboclo-ribeirinhas, assentamentos, além da fauna e flora amazônica. Meu trabalho sempre foi exposto em outros estados e em outros países, de forma que nunca realizei uma exposição no Amazonas. É um de meus sonhos expor aqui. Quero que meus conterrâneos possam vislumbrar minha arte.

Fotografia intitulada "Pajé, a metamorfose dos bichos", vencedora do Oscar da Fotografia, em 2021

Jornalismo Parintins: Suas fotografias buscam sempre passar alguma mensagem ou depende do trabalho?

Daniel Brandão: A fotografia é uma arte, embora muitas pessoas vejam-na somente como uma técnica. E enquanto arte, ela sempre busca transmitir algo. Comigo não é diferente. O fotógrafo ele é um poeta e a fotografia é a poesia. Sempre que faço uma foto, eu nunca penso o agora, sempre o depois. Em como irão receber essa foto, o que irão pensar, o que irão sentir. Então sempre que fotografo, busco provocar, fazer com que quem veja a minha fotografia não somente possa admirá-la, mas com que ele possa sentir algo.

Jornalismo Parintins: Existe algum profissional no qual você se inspira na sua profissão?

Daniel Brandão: Existem vários fotógrafos que eu não somente me inspiro, mas que me espelho e estudo suas técnicas. Isso porque a fotografia sempre está em mudança, nunca é a mesma, e o olhar desses fotógrafos que me inspiram, me ajudam a fazer sempre o novo. Dentre esses eu posso citar o Ricardo Stucket, que muitos conhecem como o fotógrafo do Presidente Lula, mas que conheci o seu trabalho com os povos Indígenas e é maravilhoso. O Peter McKinnon e o Peter Lik, que são dois fotógrafos norte-americano, que possuem um olhar invejável sobre a natureza, vida selvagem e paisagem. E Evandro Fernandes, meu amigo e colega de trabalho, que em minha opinião é um dos melhores, senão o melhor, fotógrafo de casamentos do Amazonas. Ele me ensinou sobre sua sensibilidade no olhar, com maestria e humildade. E a cada trabalho juntos aprendo muito mais. Existem outros, mas esses talvez sejam os mais impactantes na minha história.

Certificado que reconhece Daniel Brandão entre os 50 melhores fotógrafos do Brasília Photo Show, em 2022

Jornalismo Parintins: Atualmente você é fotógrafo oficial do Boi-Bumbá Garantido - um dos símbolos da nossa cultura ao lado do Boi-Bumbá Caprichoso - o que você imagina no momento em que você registra parte dessa representação cultural?

Daniel Brandão: Antes de ser fotógrafo oficial do Boi-Bumbá Garantido, eu fui fotógrafo do Boi-Bumbá Caprichoso. E não posso negar ou esconder essa parte na minha história, pois a experiência que eu tive ali foi crucial para me tornar o que sou hoje. Tanto que a fotografia do Pajé Adriano Paketá do Boi Garantido, que me rendeu o Oscar da Fotografia, foi feita enquanto estava como fotógrafo do Boi Caprichoso. Quando estou fotografando os bois, eu não posso deixar me envolver, eu não posso deixar sentir. A cultura do Boi-Bumbá de Parintins é maravilhosa, é encantadora, é gigantesca e cheia de sensações. De fato, é extasiante. Mas como fotógrafo, eu tenho a responsabilidade, e tenho de ter a capacidade de colocar tudo aquilo que está sendo espetacularizado pelos Bois em minhas fotografias. É uma responsabilidade imensa.

Fotografia intitulada "Meu touro negro de veludo", vencedora na categoria Fotojornalismo/Documental, em 2020

Jornalismo Parintins: Temos muito verde (floresta), muito água (Rio Amazonas), em resumo, uma infinidade de belezas naturais talvez como nenhum outro país do mundo, o que mais te encanta em Parintins diante de tanta beleza natural?

Daniel Brandão: As pessoas. O que mais me encanta em Parintins é o nosso gentílico. Historicamente Parintins tem uma formação populacional que sofreu influência de vários povos, como judeus, japoneses, portugueses, nordestinos, caboclos, ribeirinhos, indígenas, etc. De forma que se dermos uma volta pela cidade, nós iremos perceber várias diferenças em cada parintinense e essas diferenças tornam tudo mais belo.

Jornalismo Parintins: Comente com a gente um pouco mais sobre suas perspectivas em relação ao seu trabalho como fotógrafo.

Daniel Brandão: Eu nunca imaginei chegar aonde cheguei ou me tornar uma referência na fotografia. A única certeza que eu tenho é que enquanto tiver saúde, e oportunidades para fotografar, quero continuar registrando a beleza do Amazonas. Em Parintins, embora as políticas públicas de assistência a arte e artistas sejam insalubres e tímidas, espero que um dia hajam espaços de artes, não limitadas as artes tradicionais, onde possa haver uma confluência e intercâmbio das artes. Museus, galerias, centros culturais, salões de artes, etc.

 

Por: Ana Cristina Ferreira Machado e Vinícius Bellchior Bruce - ambos acadêmicos do curso de Comunicação Social – Jornalismo, da Universidade Federal do Amazonas – Campus Parintins.

Ana Cristina Machado - Equipe Jornalismo Parintins

Vinícius Bellchior - Equipe Jornalismo Parintins

 

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